terça-feira, 25 de novembro de 2008

Sorriso Pedra

Há um corpo de rio
luzido pelo sol
em hora matinal.
Ergue-te cidade a amanhecer.
Concha aberta pousada
No dourado da tua face pedra
um lento secular flutuar.
Ondula a luz e a cor
e a cidade que te cresce perante.
Sulca o olhar de saudade
de memória ida
nunca acabada.
Pela manhã. Ver e chegar.
Arrepio na barriga
O ondular.
O barco teatro que a ti cruza rápido
Chegar a ti, cidade
Olhar aberto
Coração vontade
Pela ponte vermelha
no morrer da tarde
Sair de ti a medo
trair-te, cidade.
Baloiça tremendo o barco teatro
Brinquedo solto
Abalroado
Direito a ti, cidade
ao Augusto arco
ao terreiro,
ao amarelo paço
ès luz
ès sorriso pedra
de boca rasgado
E és Lisboa, nenhuma outra.
ès Lisboa que abraça,
nascida
acordada
bela
jazida
sobre o rio
berço de àgua

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Brilhantes!

É uma vaga crivada pelo olhar doente
Uma face horrenda boquiaberta de vento
uma lagrima ejaculada
tua boca semente
um paralelo fodido goteja
ébrio temente
soberba
veneno
prisão do momento

Veneno

Borboleta trovejas
sentida sem chão
pestanejas
escutas o lúcido que te conduz
soltas o arrastar aleijão.
Palavras maleitas
praguejam em vão
freeway esquecimento
risco branco espelho
Colheitas de luz

Limpa a cara
no véu dual
Pele pirata
cubista de sal
Mostra o podre no esmalte dos dentes
Navega a salvo, lambendo inocentes
Beijos gentis bifurcados
soltam pombas, batem palmas
às mágoas
jurados, condenados, enforcados
convalescentes
as asas caladas
as asas caladas
venenos Brilhantes!